quinta-feira, 10 de junho de 2010

meu mundo imaginário

Quando eu era criança, ficava imaginando que ao soltar um daqueles balões de gás hélio ele voaria e cairia no quintal de uma criança que de alguma forma precisava daquele sinal. Então eu sempre pedia:
- Pai, compra um balão?
- Tá.
E comprávamos o mais bonito. Eu andava alguns minutos e falava em pensamento com algo que na época eu chamava de anjo da guarda.
- Leva meu balão pra ela.
Geralmente eu tomava uma bronca, pois aqueles balões não são baratos. Logo eu me esquecia e me distraia com outra coisa.


Eu cresci e nunca fui aquilo que se pode chamar de exemplo de autoestima. Sempre gostei de ler, estudar, conhecer, mas claro que isso foi impulsionado pela falta de beleza que eu julgava não ter e precisava compansar de alguma forma. Depois da puberdade os garotos começaram a olhar para mim e eu imaginei uma miopia endêmica na minha cidade. Até que um dia eu olhei no espelho. Olhei e admirei. E vi que não era de se jogar fora.
De qualquer forma sempre preferi exercitar o músculo-cérebro do que o músculo-coxa. E assim até hoje. Caminho até a biblioteca, essa é minha academia diária. Conheço pessoas, histórias, sonhos. Rio com eles e choro com eles também... mas, sempre soube que minha vida era real. Não é e nunca seria como daqueles livros que eu tanto gosto.

E hoje a realidade foi dura comigo. Na verdade foi um choque. O verdadeiro kitsch da minha vida.

Eu tive uma grande oportunidade de subir na vida. E o primeiro degrau: uma cama. Eu poderia subir sem esforço e delá dar um grande salto. Eu preferi ficar aqui embaixo.
Ficar aqui no meu mundo imaginário onde as pessoas são boas, ninguém tira proveito de situações. No meu mundo imaginário as pessoas são amigas, elas se ajudam para todos terem um "final feliz". No meu mundo imaginário eu amo sinceramente as pessoas e não será tirando a roupa que elas verão meu caráter. Acredito no meu mundo, acredito que não preciso de ar condicionado, um casado Dolce & Gabanna e uma mesada por mês para ser feliz. O calor me dá vitamina D, o casaco se desgasta e sai de moda e dinheiro acaba.
Eu quero rir, conversar, ajudar. Quero ir pra África não para ver o maior espetáculo futebolístico do mundo, mas para conhecer as pessoas. Não serei mais feliz em Paris me sentindo sozinha se posso ir para o interior de Goiás com pessoas boas e educadas. Não quero os comercias de televisão, os banners, os jingles. Eu quero a vida real e não troco meu corpo por algo diferente.
Tudo que eu eu faço é com a amor e assim será para sempre.

Meu pai não pode mais me comprar um balão, mas eu preciso de um que caia no meu colo já que meu anjo da guarda não atende mais minhas ligações.