segunda-feira, 27 de junho de 2011

Parada Gay

Eu estava lá. Na 15ª Parada do Orgulho LGBT que ocorreu na Avenida Paulista em São Paulo. A maior Parada Gay do mundo! Estima-se que 3 milhões de pessoas estavam lá, lutando contra a homofobia, contra o direito do ser humano ser livre, independentemente da sua opção sexual. A primeira parada gay desde que o Brasil, oficialmente, decretou a união estável entre casais homoafetivos. Eu, depois de assistir o programa "A Liga" sobre Liberdades Individuais, encontrei o casal que assinou um dos primeiros papéis da União Estável no Brasil. E senti orgulho. Orgulho de ser brasileira, orgulho de não ter preconceito, orgulho de ver a felicidade em uma assinatura que representa a liberdade. Liberdade essa que é garantida na nossa Constituição. Orgulho de ter que escutar pessoas ignorantes dizendo que homossexuais são "aberrações" e estar no meio daquela multidão reunida pacificamente e entender que aberração é a mente fechada e hipocrisia daqueles que não entendem que a opção sexual do outro não interfere sua vida. Ver, na Parada, famílias juntas, casais héteros, com filhos hetéros; casais gays com filhos héteros; casais héteros com filhos gays e poder mostrar de uma vez por todas que o caráter não está descrito naquilo que você faz em quatro paredes.
Estava chovendo muito naquele domingo, e parecia um presságio das tormentas que viriam depois dos direitos que foram conquistados.

Eu, ainda orgulhosa de tudo o que eu vi e presenciei, li uma notícia em que um casal depois de assinar a união estável conseguiu converter para "casamento civil", sua situação. Terão mesmo sobrenome, mesmo plano de saúde, menos burocracia.
Uma vitória para nós, cidadãos!

E eu sou católica, e sei que minha religião não aprova isso. Mesmo assim, tenho consciência que é mais fácil eu me adaptar a certas regras do que uma instituição de quase 2000 anos. E sei, também, que minha religião prega o amor. O amor incondicional entre os seres humanos.
Eu voto desde os meus 18 anos, e sempre escolho um candidato que tenha as mesmas ideias que eu e que seja de algum partido que também não vá contra as minhas convicções e crenças pessoais. Eu voto, consciente, de que não é um representante que fará tudo no Congresso, mas fará o possível para que o país cresça, para que a justiça prevaleça. Sem preconceitos, assim como a justiça, que cega. Eu voto em alguém que eu creio que solucionará os problemas, e não causará mais do que já temos.

Então, eu escuto, de uma DEPUTADA e MISSIONÁRIA CATÓLICA, Miriam Ryos (PDT) a seguinte frase: “Eu tenho que ter o direito de não querer um funcionário homossexual na minha empresa, se for da minha vontade. Digamos que eu tenho duas meninas em casa, seja mãe de duas meninas, e resolva contratar uma babá. E essa babá mostra que a orientação sexual dela é de ser lésbica. Se a minha orientação sexual não for essa, for contrária, e eu querer demiti-la, eu não posso. Eu vou estar enquadrada nessa PEC, como preconceituosa e discriminativa. Ué são os mesmos direitos".
1. Você tem que ter um funcionário competente. Com quem ele casaa, não é problema seu.
2. Se a sua orientação sexual for outra voce não pode demitir mesmo antes da PEC, pois isso é discriminação de natureza homofóbica.

Não satisfeita, ela continua:
"o direito que a babá tem de se manifestar da orientação sexual dela como lésbica, eu tenho como mãe, de não querê-la na minha casa, para ser babá das minhas filhas. Me dá licença? São os mesmo direitos. Com essa PEC, eu vou ter que manter a babá na minha casa, cuidando das minhas meninas, e sabe Deus, se ela inclusive não vai cometer a pedofilia com elas. E eu não vou poder fazer nada. Eu não vou poder demiti-la”.
3. E se você contratar uma babá heterossexual ela virá com uma estrela dourada na testa e uma carta de referência assinada por Jesus Cristo, escrita: Não sou pedófila.

E pra fechar com chave de ouro:
Aqui em casa, eu gostaria que meus filhos crescessem pensando em namorar uma menina para perpetuar a espécie, como está em Gênesis. No momento em que eu descobrir que o motorista é homossexual e poderia, de uma maneira ou de outra, tentar bolinar o meu filho, eu não sei. De repente, poderia partir para uma pedofilia com os meninos. Eu não vou poder demiti-lo. A PEC não permite porque eu vou estar causando um prejuízo a esse rapaz homossexual”.
4. Seu filho pode namorar um menino e perpetuar a espécie numa barriga de aluguel. Ou até adoção, porque enquanto vocês aí do Congresso não resolvem o problema da burocracia da adoção ou a legalização do aborto, um monte de adolescentes estão perpetuando a espécie, se matando ou abandonando sua cria por falta de condições básicas de sobrevivência.

“Agora é um testemunho. Eu na minha casa, eu tenho primos e familiares lésbicas e homens homossexuais. O que eu posso fazer? São pessoas íntimas da minha família, que eu respeito, que eu amo, oro, rezo, clamo e vou fazer o que? É a opção sexual deles. Agora não os desrespeito, não sou preconceituosa, não deixo de conversar com eles, não deixo de amá-los como seres humanos e filhos de Deus. Mas não vou permitir que por uma desculpa de querer proteger ou para que se acabe com a violência e a homofobia, a gente abra uma porta para a pedofilia.”
5. Ah! Sim... os homossexuais da sua família você respeita? Das outras famílias, não? Qual Igreja a senhora tem frequentado que a ensina a escolher quem deve ou não ser respeitado?
6. Não é preconceituosa? E qual o artigo que a senhora leu que liga diretamente homossexualidade e pedofilia?
7. Desrespeito é a senhora usar a Bíblia para ilustrar sua total falta de conhecimento para com a sociedade e ainda por cima ser hipócrita afirmando que não é preconceituosa depois de derramar sangue sobre os homossexuais, acusando-os de crime que são cometidos em sua maioria por heterossexuais como eu ou como você.

E a assessoria de imprensa dela diz que foi um mal-entendido. Foi um não-entendido, pois, ela não entende nada de liberdade, de direito e de amor.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

sabe o que eu quero?

Eu quero acordar, sozinha sem sono. Descer as escadas da minha casa coçando os olhos e procurando um relógio. E, logo após olhar as horas, esquentar o resto de café que está no bule, esquecer ele fervendo, pôr leite frio para compensar o tempo que deixei no fogo, acender um cigarro e sentar. Quero olhar no relógio novamente, pois não prestei atenção nas horas, já que tempo para mim é o que eu tenho de sobra e ver que se alguém aparecer eu ainda posso dar "bom dia". Subir, colocar uma calça e blusa confortável, vestir o meu tênis branco, que é básico, combina com tudo e é o único que não tem sequer um furo ou rasgo; procurar minha bolsa, colocar minha escova de dentes, meu RG, uns trocados e sair. Sair por aí, andar, andar, andar, pegar um ônibus quando estiver cansada, aquele primeiro que passar mesmo. Descer quando começar a ficar com enjôo já que estarei de estômagoa vazio e parar no primeiro boteco para comer um pão com manteiga na chapa e tomar um pingado. Acender outro cigarro e deixar meus pensamentos irem embora com a fumaça. E, se eu não quiser voltar? Ninguém tem nada a ver com isso. Sentirei falta de muita gente, mas não quero que ninguém sinta falta de mim. É impossível ser feliz sozinho quando as pessoas criam laços. Mas, eu quererei voltar, e voltarei quando tudo estiver bem. Quando meus amigos não brigarem por causa de dinheiro, quando meu avô estiver andando de bicicleta e respirando sem dor de garganta. Quando eu tiver certeza que o dia terminará bem.