terça-feira, 26 de outubro de 2010

16h16

Eu resolvo postar no meu blog, mas como tirei o dente do siso hoje tudo me dá fadiga. Eu olhei para o relógio e decidi ir embora, sem escrever, sem pensar, só querendo ardentemente que essa dor passasse. Que horas eram? 16h16.
A dor de dente se esvaieceu por um instante, pois a dor da angústia tomou conta de mim por um momento antes de minha boca voltar a latejar.

Se eu quisesse falar com ele, se eu pudesse falar com ele, o discurso seria esse:

"Ontem, ontem eu não conseguia dormir. Ontem, eu tive pensamento e sentimentos antagônicos que me deixaram com muita raiva. Eu fiz algo ontem que não fazia há muito tempo. Eu rezei antes de dormir. E não sei de onde tirei essa fé, mas eu pedi, para o homem invisível de lá de cima que me desse uma luz. Que me fizesse esquecer tudo, que me ajudasse a voltar atrás e consertar tudo o que quebrou. Que dentro de mim só houvesse sentimentos benéficos, que eu tivesse o dom de ser generosa e compreender a atitude das pessoas. Mas, eu não obtive resposta. E alguns clamores depois, eu entrei em estado Alpha. E quando dormia meu cérebro me mostrou imagens de nós dois. Brigando, discutindo, gritando. E você, novamente, sendo falso, inescrupuloso, dissimulado comigo. E não doeu mais, estou calejada. Sabe o porquê de não me surpreender com qualquer atitude sua? Por que você mentiu de todas as formas possíveis. Você me iludiu ao dizer que gostava de mim. E depois que eu entendi que tudo isso não passava de uma confusão da cabeça de um adolescente-pós-puberdade, eu senti que poderia ser sua amiga, que não precisava de nada além da sua amizade para ficar bem. Então você disse que estava confuso e me deixou confusa, pois eu estava me habituando a ideia de que seríamos apenas e tão-somente amigos para sempre. Você disse que precisava de um tempo, e eu dei esse tempo. Apesar de não achar que o tempo é algo abundante, eu dispus de um pouco do meu para você. Eu pensava que você merecia. Afinal de contas, você me disse que não gostava de ninguém, que estava se sentindo impotente em relação ao mundo, em relação aos seus sentimentos. Eu optei por respeitá-lo, acima de qualquer coisa. Acima de mim até. E mais uma vez você me deixou na mão, e mais uma vez você deu mancada, e mais uma vez eu chorei de raiva. E eu sempre perdoei, eu sempre esqueci, eu sempre voltei a sorrir. Essas atitudes eram tomadas baseadas no amor. Sabe aquele amor incondicional que você tem pela sua mãe, pelo seu melhor amigo e pelo seu cachorro? Sabe aquele amor que não é incondicional porque a palavra é bonita? É daquele amor sem condições mesmo, que você sente sem esperar reciprocidade, é aquele amor de liberdade, de generosidade. É um amor de entrega. Um amor de saudades adiantadas, de promessas de fidelidade, de amizade perpétua. É um amor que você escolhe.
E senti isso e fiz questão que você fizesse parte da minha vida antes mesmo de descobrir que eu poderia sentir algo por você que fosse além da amizade. E mesmo quando vi que esse amor se tornou lgo diferente, eu fui sincera, eu fui objetiva, eu fui eu mesma. E aí quando eu não esperava nada em troca o que você fez?
Mentiu, dissimulou. realmente, conseguiu provar que era um excelente ator. e não to falando daquela lágrima falsa, não. To falando da ceninha: "não consigo dizer que não gosto de você" e olhar para baixo. Você foi ótimo. Você mereceu uma estatueta da Academia.
Seria tão mais fácil se você falasse para mim a verdade. Com todas as letras. Olhando nos meus olhos. Hoje eu não estaria magoada como estou. De ter perdido além de tudo, alguém que eu considerava um grande amigo, quiçá o maior deles.
Mas, você faltou com a verdade, omitiu fatos. Será que era por isso que você não conseguia olhar para mim ao falar comigo? Pelo menos prova que resta um quê de dignidade e / ou vergonha na sua cara. Pelo menos, ficou um pouco claro que até você estava saturado das mentiras que você me contou, e das verdades que escondeu.
De você eu não quero nada mas não espero o melhor. E também não serei mais surpreendida por mais uma de suas faltas. Não, você nunca mais vai me magoar, nunca mais vai me fazer chorar, nunca mais vai despertar qualquer sentimento em mim. O contrário do amor não é o ódio, é a indiferença. E se tudo sair como o planejado, já já eu chego lá.

De qualquer forma, tenha uma boa vida. Apesar de tudo eu não quero e não consigo desejar o seu mal.
ps. (...)"

Nenhum comentário: